Canção de Ninar do Mundonírico: A Família dos Sete
Uma estranha canção de ninar popular em Penacony.

Canção de Ninar do Mundonírico: A Família dos Sete

Pegue crianças levadas e deixem-nas trancafiadas.
Forçadas a um trabalho cruel, sem receber nada.
Um grande cão quebra as barras do cárcere, canhões as libertam com bravura.
Flores e frutos crescem na grande árvore exacerbando ternura.
Como pássaros que formam um ninho, os sete pequenos se juntam, não mais sozinhos.

Sete pessoas habitavam uma casa num vilarejo de pobreza.
Barradas por um coronel, não havia comida, nem bebida, só tristeza.
As árvores secas careciam de frutos, e as plantações clamavam por adubo.
A última fruta espatifara no chão, seu suco derramado ao cascalho.
À família, restou-lhes comer um dos seus, e agora havia seis crianças deixadas ao acaso.

Seis pessoas habitavam uma casa, refugiadas em um pátio desolado.
Inerte, dorme o cão cansado. Quebrado, um espelho fere o pássaro.
As flores perderam o esplendor, e as árvores, o vigor.
A borboleta deixa o lar rumo a um triste destino.
Depara-se com um enxame e é devorada por grilos. Agora, na casa restavam cinco pequeninos.

Cinco pessoas dormiam numa casa, deitadas o dia todo em seus cantos.
Um anjo vem à noite visitar, entoando poemas de acalanto.
Sua melodia, um sonho de abundância, seja de comer, seja de vestir.
Com o fechar dos olhos, está tudo bem, nenhum medo a persistir.
Agora, não mais desperteis, esses dias inglórios vós haveis de esquecer.