Aglaea

Naquela pólis sagrada beijada pelo amanhecer, a tecelã acaricia os fios dourados, tecendo destinos.
A Herdeira de Chrysos que porta a Chama Primordial do "Romance" reuniu os heróis do mundo, liderando-os em uma longa jornada uma vez mais
- superar as divindades, reconquistar a chama divina e conceder o renascimento à Amphoreus quase caída.

Anos depois, quando ela repentinamente encontra um traje que costurara na juventude, a seda derrama afeto, abalando delicadamente seu coração há muito endurecido.

Na família, ao longo de gerações dedicadas a Mnestia, cada membro aprende uma "bela" arte desde cedo. Retratos dos grandes mestres estão pendurados na parede de honra da casa de banho particular, sempre zelando por sua prole.
Enquanto muitos ficam mudos diante do escrutínio intenso desses mestres, ela avança com uma graça simples sob seu olhar.
"A pintura sucumbe à simulação; a música, à abstração; a escultura, ao tamanho; e o drama, ao mundano..."
Os anciões exibem sinais claros de derrota, mas a voz dela, jovem e resoluta, silencia qualquer objeção.
"Pequena Agy, com certeza não há nada mais bonito do que eles."
Saindo do banho, ela dança nas pontas dos pés até o espelho, os cabelos loiro-claros caindo sobre os ombros como uma cachoeira.
"Não."
Diante do espelho embaçado pelo vapor, seus olhos dourados chamam a atenção de vários olhares...
"Eu vou encontrá-la... a existência que supera todas as outras em beleza."

"Foi por um motivo simples assim que, mais tarde..." O calor do traje toca as pontas dos dedos dela, despertando lembranças.
Ela vai, num impulso travesso, até o Bosque, e admira as casas de banho, tudo por uma folha dourada, uma onda de inspiração.
Ela correu pelos telhados e parou nos prados, só para costurar a liberdade da brisa e a fragrância distante das flores em seus fios.
O templo fluía. O tear nunca parava. Suas criações geram tendências em Okhema, uma atrás da outra.
Vestida com seu melhor tecido, ela visita o templo, mas se pergunta: "Isto é beleza?"

A sacerdotisa de Mnestia chegara ao crepúsculo de sua vida, a visão estava mais fraca, mas o brilho da moça conseguia quebrar sua melancolia.

"Pequena Agy, quando assumir o manto de 'Tecelã Dourada', você estará destinada a criar obras que até as divindades invejariam."
"Estas vestes, e você com estas vestes, são realmente coisas lindas... mas isso não é 'beleza'."
"Mas... 'lindo' e 'beleza' não são a mesma coisa?"
"Você ainda não entende... e não entender é uma coisa boa, de verdade..."

Com o passar do tempo, as roupas que ela cria se multiplicam, alcançando a magnitude do céu estrelado.
Entretanto, curiosamente, dentro daquele guarda-roupa grande e ornado, muitos tecidos antigos rasgados são cuidadosamente preservados.

Em terras tomadas pelo conflito, jovens guerreiros partem usando trajes vibrantes. Entretanto, com frequência, seus uniformes se transformam em mortalhas, e às vezes, apenas restos de tecido voltam em seu lugar. Quando ninguém aparece para recolher esses restos, ela os recolhe.
Em sua fúria, certa vez, ela destruiu belíssimas roupas. Os nobres corruptos e mimados não mereciam desfilar com as roupas que ela criava... mesmo que ela mesma, outrora, tivesse caminhado entre eles.
E então... há essas outras roupas humildes, uma após outra...

Eles haviam crescido com ela ao longo dos anos, compartilhando canções do passado, sonhos com o futuro
– Só depois de testemunhar tanta feiura é que ela entende o verdadeiro peso daquelas palavras inocentes.
"Como costureira de Okhema e sacerdotisa de Mnestia, meus deveres estão alinhados aos seus."
"Mas o preço da salvação..."
"... é igual ao seu?"
"Igual ao nosso."

No lugar mais visível, encontra-se a túnica sem adornos de uma sacerdotisa. Ela frequentemente a pega para limpar e remover a poeira, sempre se lembrando do voto que fez à divindade.
"Por favor, me perdoe, em nome da criação mais bela do mundo..."
Muito tempo atrás, no momento em que obteve a Chama Primordial, ela de repente "viu" na escuridão uma paisagem de tirar o fôlego com a qual nunca havia se deparado...
Naquele futuro dourado, não há mais conflitos nem morte.

Eles dizem que é a Jornada de Perseguição às Chamas. Mas também dizem que é uma jornada de perda.

Ela tem a sensação distante de algo precioso lhe escorrendo por entre os dedos, mas não tem tempo para pensar nisso, já que a pessoa que caminha diante dela está carregando uma perda muito maior do que a sua própria perda.
"Deixarei este lugar nas suas mãos, Aglaea."
"Faça sempre o melhor que puder."
"A gente se vê!"
Ela não entende por que a despedida delas sempre é daquele jeito.
Só restam as melodias fracas ecoando das profundezas do mar, passos varridos pelo vento que atravessa a terra e um tabuleiro de xadrez sem solução abandonado.

"Como fios delicados podem suportar o grande peso do destino?"
Sua única companhia é a Confeccionadora, mas seu guarda-roupa, outrora grandioso, agora está sombriamente vazio.
A nobre entra no conflito político, produzindo debates acalorados no Conselho dos Anciões. Em meio ao desprezo contínuo dos observadores, ela começa a traçar seus planos.
Os fios dourados nas pontas de seus dedos costuram uma rede por toda Okhema. As ninfas repousam nas esquinas da pólis, capturando todos os sussurros e respirações.

Até os fios dourados tornam-se letais, manchados pela primeira vez pelo cheiro do sangue.

Até hoje, esse tear divino gira incansavelmente, com inúmeros Confeccionadores pairando no ar. Nenhum sabe por que dança ou por que descansa.
"Confeccionadora, por favor, vá até a praça. Temos visitantes que vieram de longe..."

Essa cena já transcorreu várias vezes. No passado, era sempre ela quem entrava em contato. E, agora, eram os outros que a buscavam.
Naquele momento, há um jovem de armadura branca-prateada ali de pé, seu rosto juvenil marcado pelo ódio e por manchas de sangue.
A moça de vestido roxo permanece em silêncio, deixando um rastro arrepiante de morte com a fragrância profunda de flores aonde quer que vá.
Um ladrão furtivo como um gato desaparece de Okhema, mas ela não dá atenção a isso, acreditando que não passa de uma pegadinha.
A moça, calorosa como uma luz suave, já havia curado suas cicatrizes.
E, agora, lá está o príncipe herdeiro das terras distantes, o orgulhoso erudito...
"Se um fio não basta, que uma miríade de fios se ergam até o céu..."
Ela procura diversos fios do destino, costurando-os numa rede resiliente. Esta rede rumaria para as Chamas Primordiais dos Titãs, reacendendo-a num novo mundo.
"Junto, os Herdeiros de Chrysos tecerão um futuro promissor e deslumbrante."

Durante uma breve pausa, ela vai até a janela e contempla a movimentada pólis de Okhema lá embaixo.
"Confeccionadora, prepare outra xícara de chá para mim, por favor."
Ela treme um pouco, mas seu coração não é mais afetado pelas tristezas do passado.
Fios dourados invisíveis se derramam das pontas dos seus dedos, entremeando-se na pulsação da pólis-estado, no sussurro do vento e no barulho da chuva – tudo ressoando com o toque dela, como uma inspiração conjurada pela divindade do romance, pulsando com a promessa de vida nova.
Após muita reflexão, ela guarda as vestes ornadas que criara na juventude.
"Mesmo que, no final, eu não deva usar nada além de roupas simples..."

Reza a lenda que todo discípulo de Mnestia devota a vida inteira a produzir o que considera a Beleza Suprema para presentear sua divindade.
Faz muito tempo que ela não faz mais belas roupas.
No entanto, ela nunca deixou de tecer os fios do destino.