Dan Heng - Embebidor Lunae

A verdadeira forma de Vidyadhara de Dan Heng, revelada após aceitar os poderes residuais da encarnação anterior do "Embebidor Lunae"
Ao aceitar a majestosa coroa de chifres em sua testa, ele deve aceitar todos os méritos e falhas atribuídas àquela pessoa.
Entretanto, ele nunca foi ele mesmo.

No abismo escuro e desprovido de luz, ele parece ter retornado ao interior do ovo de Vidyadhara, sendo continuamente agitado em ondas tumultuadas e sonhos ilusórios.

Ele sonhou que estava em pé diante de um altar sacrificial, dançando e cantando. Entretanto, as músicas e os gestos eram apenas de fachada. A luz emanando dos olhos dele e a tempestade turbulenta em seu sangue eram as verdadeiras forças em jogo. Casualmente, ele moveu a maré enevoada e nebulosa no Desfiladeiro Escamado Aquático, selando o enlouquecido "dragão" delirante dentro da propagante árvore gigante. Assim como o rugido ecoava nos céus e se dissipava, o Desfiladeiro Escamado Aquático continuará em paz por mais alguns séculos, seu trabalho estava feito.

A cerimônia acabou, e ele se virou para ver o que havia às suas costas. Em um piscar de olhos, as escadas pelas quais ele desceu ficaram repletas de dignatários com chifres dracônicos e vestidos como realeza. Como se fossem miragens em um espelho, cada um deles se virou e suas mangas balançaram com o movimento, prontas para partir um após o outro em um arranjo meticulosamente calculado. Incontáveis, eles formaram uma escadaria para o céu, que se estendia até o vazio espacial infinito. As faces de todas essas pessoas o cumprimentariam todas as manhãs em seu espelho. Essa era a sua face.

Não, era a face do primordial, do original, do primeiro Grande Mestre. Ele sorriu amargamente e cobriu seu rosto com sua mão, como se estivesse verificando se ele poderia arrancar essa máscara e devolvê-la ao verdadeiro dono.

Ele não podia.

No abismo escuro e desprovido de luz, ele parece ter retornado ao interior do ovo de Vidyadhara, sendo continuamente agitado em ondas tumultuadas e sonhos ilusórios.

Ele sonhou que havia chegado no campo de batalha como o descenso de um deus. Ele pairou com as nuvens, as formações militares abaixo dele eram pequenas como formigas, e as carruagens aéreas e os esquifes estelares eram mariposas destinadas a morrer em chamas. Tais eram as vidas dos mortais... Esse era o ponto de vista de um dragão? Um certo orgulho se levantou e mergulhou seu coração em um desapego gelado e insensível, e ele rapidamente virou seu olhar em direção àqueles com os quais ele havia lutado e compartilhado bebidas:

A piloto que passou não se importou se a formação era ordenada ou não. Ela atirava a bel prazer, permitindo que as flechas incandescentes caíssem nos soldados rasos dos Borinsins...

Ao longo da direção apontada pelos esquifes estelares, uma espadachim de cabelos brancos avançava em direção à batalha à frente do exército inteiro, dançando com sua afiada lâmina. Ela avançou entre flashes de luz metálica, suas ações tão afiadas que nem mesmo seus aliados conseguiam se aproximar, reduzindo-os a meros auxiliares às suas costas...

Por outro lado, o Tenente dos Cavaleiros das Nuvens que costumava conversar e rir com o dragão, conteve sua indolência lânguida, empunhando seu gládio devastador ao mesmo tempo que permanecia com seus homens para repelir os peões dos Borinsins de atacar pelos flancos do campo de batalha...

E atrás do batalhão principal, os engenheiros militares que marchavam com o exército estavam ajustando e testando grandes Aurumatons... talvez aquele artesão excessivamente arrogante estivesse trabalhando em plena velocidade nesse momento, pois essas máquinas de centenas de metros de alturas são armas especializadas criadas para contra-atacar as MechFeras...

Então, ele viu o general de outrora, Teng Xiao. Ele estava envolto em uma luz dourada como o avatar da Flecha, avançando entre as fileiras de feras de guerra inimigas com sua miragem divina...

Os devastados Borinsins começaram a fugir. Ele sabia que era hora de executar o dever confiado a ele. Então ele desapegou, permitindo que sua consciência desaparecesse em tempestades e saudações, deixando que os trovões rugissem para ele, deixando que os tsunamis se enfurecessem para ele. Ele flutuou em cima das nuvens, observando os inimigos sendo engolidos pelo abismo aquático e observando a terra às suas costas. Muitos humanos, Vidyadharas e Vulpes foram deixados lá pela eternidade, incapazes de vislumbrar suas casas novamente.

O Coração de Dragão disse a ele que não passava de um punhado de poeira removida do mundo. Guerras acontecem com um preço, mas a vida sempre prosperará novamente, os Vidyadharas não são a única ramificação dos Rebentos de Long. Entretanto, seu coração humano doeu por aqueles camaradas que, assim como ele, eram feitos de carne e sangue quentes, e por aqueles mortais que poderiam ter vivido por mais tempo, mas agora não poderiam nunca mais voltar para casa.

No abismo escuro e desprovido de luz, ele parece ter retornado ao interior do ovo de Vidyadhara, sendo continuamente agitado em ondas tumultuadas e sonhos ilusórios.

Ele sonhou que dividia as águas do oceano e ia até as profundezas das ruínas do palácio, enterrando os restos do sangue sagrado do seu amigo, ou criando uma nova vida que não havia sido vista por milênios, ou, talvez, aquelas duas ações fossem uma única, um desejo inalcançável que não podia ser realizado por muito tempo no passado, a gota d'água derradeira que quebrou as costas do dragão colossal. O artesão estava coberto de sangue e feridas enquanto protegia o dragão com uma espada em mãos. Ele se apressou para se comprometer com a decisão.

"Shuhu está morto... nós vencemos, mas quantas vitórias nós seremos capazes de conquistar? Quantos custos iguais ao que pagamos hoje precisariam ser oferecidos??"
"Veja, a Árvore Ambrosiana ainda está de pé. Enquanto ela estiver viva, os monstros... eles podem voltar de novo e de novo. A guerra dos Xianzhouitas, Vulpes e Vidyadharas contra as abominações nunca acabará."
"Sim, nenhum de nós é especial! Cada um de nós só possui uma vida, se sacrificar por isso, morrer por aquilo... são nossas próprias escolhas. Assim como ela escolheu salvar você e a Jingliu... assim como ela escolheu permitir que mais pessoas continuassem vivendo!"

Guerra, e as vidas que se encerraram na guerra, eram seres vivos assim como ele.
Ele fechou seus olhos cansadamente, se lembrando dos rostos deles, e tomou uma decisão.
"Se existe uma chance... nós também escolheremos permitir que ela e outras pessoas continuem vivendo.
Nós, os Vidyadharas, temos nosso próprio tipo de salvação. Eu posso tentar."

Como uma experiência extra-corpórea, como um sonho dentro de um sonho, ele voltou ao momento antes de sua consciência desaparecer. Com uma mente fria e insensível, ele observou a si mesmo se transformando em um dragão, entrelaçado e lutando com unhas e dentes contra aquela lâmpada de carne e sangue metamórficos. Em uma ilusão vista à beira da morte, o emissário do deus mostrou a ele uma cena bonita e perturbadora, as estrelas pulsaram e cantaram hinos como células vermelhas, e o universo caiu em um abismo de carne e desejos. O Coração de Dragão bateu até o limite, elevando seus dentes, hálito e fúria, entretanto, não importa quão poderosa, uma "forma de vida" não pode desafiar o corpo verdadeiro do enviado do deus da vida.

...Até um esquife estelar atravessou com tudo como uma flecha. Ele viu aquela garota rastejando fora das ruínas com grande dificuldade, levantando um "sol" de trevas absolutas em suas mãos. Naquela eternidade fugaz, ele viu a mão dela desaparecer, viu o rosto dela desaparecer, e viu ELA desaparecer. Aquele item havia corroído tudo ao seu redor no mais fino pó e arrastado tudo em um vórtice de poder bruto, incluindo aquela garota.

Um tufo de cabelo e algumas gotas de sangue caíram no chão como evidência da existência dela. Esses foram os únicos rastros que ela deixou.

No abismo escuro e desprovido de luz, ele parece ter retornado ao interior do ovo de Vidyadhara, sendo continuamente agitado em ondas tumultuadas e sonhos ilusórios.

Ele sonhou com Pregos de Dracocatena sendo fincados em seu corpo, e correntes de corallium se enrolando ao redor dele para pendurá-lo em pleno ar na Prisão dos Grilhões. Ele sonhou com anciões indo e vindo para interrogá-lo sobre a verdade do Arcano e o paradeiro do Coração do Dragão. Ele não falou.

Ele sonhou com os Juízes vindo à sua frente para ler sua decisão e desejando sentenciá-lo à morte. Ele não falou.

Ele sonhou com o tenente de cabelos brancos dos Cavaleiros das Nuvens vindo visitá-lo, trazendo notícias das negociações do tenente. Os Vidyadharas não permitiam que ele morresse, nem permitiam que partisse. Ele não falou.

Ele sonhou que estava levantando seu copo para beber com os outros novamente, que estava trocando de escamas, e que havia retornado ao ovo e se tornado outra pessoa.

Ele sonhou várias, várias coisas, como uma imérsia infindável chamada "Si mesmo".

Depois da imérsia veio uma ilusão ainda mais clara, mas inalcançável.

Ele viu a si mesmo sendo exilado. Ele viu a si mesmo embarcando em um trem. Ele viu a si mesmo indo em direção às infinitas estrelas, nunca olhando para trás.